Raquel Delvaje

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Papo de Vendedor

                       (Raquel Delvaje)

              Genésio ligou o carro e saiu. Ele andava sem rumo. Estava elaborando as palavras para abordar seus clientes. Na verdade, não sabia como fazê-lo, era o seu primeiro dia como vendedor. Nunca vendera coisa alguma, pelo menos que ele lembrasse. Aliás, lembrou que quando era criança, querendo ir a um show e não tendo dinheiro, resolveu que venderia alguns objetos pessoais. Andou a tarde inteira, nem venda e nem show...
              Tal lembrança petrificou o homem, dessa vez não era um simples capricho de criança, e sim, sua sobrevivência e de sua família. Ele passara anos trabalhando em um escritório e perdera  o emprego. Após muitos currículos e muitos nãos, lhe restou trabalhar como vendedor numa linha de cosméticos.
               Ao chegar à residência de uma senhora. O vendedor apressou-se a apresentar todos os produtos e a mulher o olhava sem a menor expressão, para o total desespero dele, pois não sabia se estava agradando ou não.
               Passou então, diante do nervosismo, a falar sem parar.  Precisava provar para si mesmo que era capaz de vender algo e também dependia daquela comissão.
              - Olha minha senhora, esse produto é muito bom e é um grande rejuvenescedor...
             Quando falou de rejuvenescer, a mulher alta e sisuda mudou sua expressão, causando um entusiasmo em Genésio. E ela questiona:
             - E como posso saber se esse produto realmente rejuvenesce?
             - Simples – concluiu o homem de cabelos encaracolados e tez branca – Olhe para mim, comecei a usar esse produto faz uns dois meses e de 50 anos agora estou com aparência de 30. Estou ou não estou com aparência de 30?
             - É, realmente você está com aparência de 30. Mas como vou saber se você não tem 30 anos?
            - Não minha senhora, eu jamais mentiria, tenho 50 anos.
            - Então eu quero ver seus documentos – Desafiou a mulher, que era que nem Tomé, ver para crer.
            O homem, sem pensar duas vezes, respondeu:
           - Pois é, é o que eu digo, o produto é muito bom, mas muito bom mesmo. Tão bom que rejuvenesceu até meus documentos. Quer ver?
          






            

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Eu vi um gatinho



                (Raquel Delvaje)
Eu vi um gatinho!
Sim, sim, eu vi um gatinho!
Estava triste e abandonado
Tinha sido atropelado
Tinha sede, tinha fome
E desejo de carinho!
E naquele momento
Desejou ardentemente
 ter um lar...
Ser um gato feliz!
Levei-o para casa
Já não tinha cura,
Para  o corpinho.
Mas para a alma dei lhe carinho!
Dei lhe comida e remédios
E irmãozinhos:
Dois gatos e um cachorrinho
Foi feliz por dois dias
Ganhou até nome:
Panda
Foi o que eu disse chorando ao veterinário:
Ele tem nome!
Quando entreguei seu corpinho
Para ser enterrado!

domingo, 11 de setembro de 2011

Desfile na fazenda

(Raquel Delvaje)




Lá vem a filhinha
Filha da galinha
Com suas penas lustradas.

Juntamente vem a filhota
Filha da gaivota
Com plumas ajeitadas.

Vem também o filhote
Filho do coiote
Com seu pelo penteado.

E correndo vem o filhotinho
Filho do passarinho
Todo arrepiado.

E lá atrás, bem lá atrás
Vem o filhão
Filho do gavião
Imponente e bem arrumado.

E é assim o desfile na fazenda
Desfile de moda...
Vem toda a filharada
Filhos da bicharada