Raquel Delvaje

domingo, 9 de setembro de 2012

MISTÉRIO XXI - O SINISTRO CASO DOS IRMÃOS GÊMEOS






                                     O Chevette 76 descia pela estrada que fazia divisa de Minas Gerais e Bahia. O ano era 1982, o motorista estava cansado e ao seu lado dormia sua mulher e no banco de trás suas duas filhas. A noite estava escura e já era madrugada. Frederico pensou em parar o carro para descansar um pouco, mas precisava de um lugar seguro, seus olhos estavam pesados quando ao fazer uma curva viu um bizarro homem pedindo carona, ele fixou os olhos naquela imagem intrigante e percebeu que tinha sangue por todo o corpo, não parou, temeu ser alguma emboscada. Estava assombrado. Ficou pensando no que vira, não acreditava em assombrações, mas assustou-se e não conseguia tirar aquela imagem de sua cabeça. Andou mais um quilômetro, após outra curva viu o mesmo homem pedindo carona, tomou um susto tão grande que perdeu a direção do carro e caiu numa ribanceira. Toda a família morreu.
                                       Alex veio correndo e encontrou o irmão gêmeo Alexandre que contou o ocorrido, estava muito abalado, pois a brincadeira havia se transformado em uma tragédia.  Os irmãos adolescentes haviam se mudado para a casa próxima à estrada fazia um ano, com falta do que fazer, inventavam brincadeiras que deixavam os motoristas assustados. Primeiro tiveram a ideia de colocar pedras fechando o tráfego e quando os carros vinham pensavam que era alguma emboscada de ladrões e voltavam para trás. Os irmãos tiravam as pedras e ficavam esperando a polícia que quando chegava não via nada. Eles viviam aprontando alguma coisa e ultimamente tinha tido a ideia de colocar molho de tomate pelo corpo e assustar motoristas que passavam tarde da noite. Eles eram idênticos, muito magros e excessivamente brancos, conseguindo uma aparência irreal, parados à beira da estrada de madrugada. Ficava cada um em uma curva e os viajantes aterrorizados contavam a história do homem que aparecia na estrada e juravam que era uma assombração, pois aparecia em um local e depois aparecia mais à frente. Mas eles não esperavam pelo ocorrido,  estavam  abalados  com  o que havia acontecido naquele momento, desceram a ribanceira e viram a família morta. Voltaram para a casa e deitaram na cama, mas não conseguiram dormir. No dia seguinte, a mãe veio contar a eles do acidente trágico, fingiram não saber de nada.
                                            Durante todo aquele mês não aprontaram mais, nem tocaram no assunto, com receio. A família foi enterrada e foi dado como acidente. Numa tarde a mãe pediu para que eles fossem até a venda fazer umas compras. Eles não tinham carta, mas já dirigiam a velha caminhonete da família. Quando estavam a caminho  o tempo mudou para chuva e de repente  caiu uma tempestade. Resolveram voltar mesmo embaixo de chuva e quando estavam na estrada o carro derrapou e rodou, eles conseguiram dominar a direção. Ficaram pálidos de susto. Pararam a caminhonete e se  recuperaram do sobressalto. Naquela noite, inexplicavelmente resolveram voltar a fazer a velha brincadeira de assustar as pessoas na estrada.
                                             Vinha um automóvel em grande velocidade, com o farol alto e um dos gêmeos já estava na primeira curva, quando o carro se aproximou ele entrou na frente e o  motorista quase perdeu a direção, acelerou mais com o susto e continuou, quando chegou na outra curva o outro irmão entrou na frente do carro. Estava assustador com sua aparência esquelética e branca, o corpo todo manchado de sangue e os cabelos desgrenhados. O motorista rodou na pista e caiu na ribanceira. Os irmãos não conseguiram ver o carro, estava escuro e chovendo muito. Resolveram dar uma olhada lá embaixo, com jeito dava para descer. Uma menina subiu chorando, estava toda machucada e pedia para que ajudassem seus pais e sua irmã que estavam presos na ferragem. Alex desceu correndo e seu irmão foi atrás, chegando lá viram a caminhonete toda amassada e se aproximaram, parecia com a caminhonete deles. Ao verem o corpo e virarem-no, tiveram um assombro terrível, eram eles que estavam mortos no carro. Eles não haviam sobrevivido naquela tarde e lembraram que perderam a direção ao ver as meninas na estrada. Olharam para trás e lá estavam as duas, olhando-os fixamente, com ódio.

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