Raquel Delvaje

sábado, 26 de maio de 2012

MISTÉRIO VI - O MISTERIOSO CASO DO HOMEM BONITO










                                     Esse caso se passou no interior de Minas Gerais, uma cidadezinha linda rodeada de montanhas e abundante em vegetação. Mariinha era louca para casar, desde seus dozes anos  tinha olhar astuto para qualquer homem que aparecesse. Quando completou dezesseis anos era o terror da mulherada, ela se engraçava com todos os homens da cidade, sempre distribuindo sorrisos mal intencionados até mesmo para os casados. Seu pai decidiu que a moça casaria o mais rápido possível antes que ficasse mal falada. Geraldo, homem bom da roça, tinha verdadeira paixão pela moça. Seu Sebastião não vendo outro partido para sua filha, devido já a má fama que começava a se alastrar, resolveu que seria esse o marido. Com muito entusiasmo Mariinha aceitou, não pelo noivo, mas sim pelo casamento, que ela tinha muito gosto.
                                      Casou-se no mês de maio. Seu pai matou duas leitoas e meia dúzia de galinhas e serviu aos convidados com bastante farofa e arroz com pequi. As mulheres foram cedo para a cozinha preparar as comidas. Mariinha ajudou até o horário de almoço na preparação das galinhas ao molho pardo. Depois à tarde tomou um banho de balde e vestiu o vestido branco que sua mãe usara e duas de suas irmãs também. O sapato ela emprestou de uma vizinha. Uma sapatilha de couro preto. Ela se sentiu irradiante, era a princesa da festa, seu grande sonho sendo realizado. Desde o casamento de suas irmãs ela não pensou em outra coisa que não fosse sua festa.
                                      Logo após o casamento a mais nova esposa se deparou com o marido, peça fundamental que até então não passara pela cabeça da moça, que só tinha olhos para a cerimônia do casório. Quando ela reparou naquele matuto de pé rachado e dentes amarelos, ela ficou chocada em não ter escolhido um marido mais bonito. Mas Geraldo demonstrou ser um homem muito bom e paciente, trabalhador e honesto. Fazia todas as vontades da esposa. Ia às feiras e lhe comprava tecidos para vestidos novos, alguns sapatos e até objetos de adornos. Era a felicidade dele agradar a mulher. Construiu com muito sacrifício uma casa para ela e trabalhava incessantemente para poder servi-la de todos os mimos que tivesse ao seu alcance.
                                       A esposa cada vez se tornava mais triste, não amava seu marido. Seus pais pediam para que ela olhasse para ele com olhos de compaixão, com certeza veria a grandeza de espírito daquele homem, que se derramava em bondades para com ela e para o filho que nascera. Algumas mulheres das redondezas tinham inveja dela, pelo homem bom que tinha ao seu lado, pois a maioria casara-se com homens que viviam bebendo e as maltratando e sempre deixando a casa desprovida de alimentos e outras necessidades.
                                       Mas a mulher não estava contente e suspirava por um homem bonito, queria de qualquer jeito um belo marido, coisa que Geraldo estava longe de o ser.
                                       Passado uns três anos chegou na cidade um belíssimo rapaz, tinha os cabelos negros, olhos verdes e estatura alta, esbelto e bastante simpático. As mulheres todas começaram a suspirar pelo jovem rapaz, menos as casadas que eram sérias em seus matrimônios, o que não era o caso de Mariinha  que ficou toda regateira, passou a se arrumar mais e ficava toda sorridente quando chegava perto do moço. Conseguiu se aproximar dele e puxar conversa. Ele perguntou se ela era casada, ela disse que sim, mas que seu marido não prestava. Começou daí um romance secreto com o moço e não demorou nem dois meses para ela começar a pressionar o homem que queria casar-se com ele, deixaria seu esposo. Fernando disse a ela não ter posse, que seria legal se ela ficasse com a casa.  Era uma excelente casa feita com muita luta pelo coitado do marido. A esposa passou a desejar a morte do cônjuge. Arquitetou um plano para matá-lo e o belo moço concordou. Fizeram tudo direitinho, ela o matou dando a ele um veneno e levando-o ao rio e o Geraldo apareceu afogado , todos acreditaram que havia sido um acidente, nem passava pela cabeça dos vizinhos, pois desde que Mariinha começara o romance, fazia tudo na surdina e posava de excelente esposa, coisa que deixou compadres e comadres surpresos de ver a dedicação da mulher que agora estava um primor.
                                        Com o falecimento do marido, depois de muito chorar lágrimas falsas ela fingiu luto, todos ficaram muito tristes de vê-la sofrendo tanto, passado uns meses ela anunciou a todos que iria namorar o belo rapaz, seus pais ficaram contentes, pois não queriam mais ver a moça tão triste.
                                         Não demorou muito e houve o casamento, Mariinha estava feliz demais, seus olhos brilhavam, dessa vez estava apaixonada pelo noivo. Após o casamento Fernando convenceu sua mulher a vender a casa e deixar o filho com seus pais e  ir embora para um lugar maravilhoso, os pais não gostaram muito, mas acabaram concordando, ela tinha obrigação de seguir o marido. Em posse de um carro o segundo esposo colocou os pertences e rodou por toda uma noite e todo um dia, quando chegaram a um rancho ele disse que passariam a noite ali. O casebre era bastante aconchegando apesar de simples, ela ficou surpresa e feliz com a estadia que teria. Quando anoiteceu, foram para a cama e na madrugada a esposa acordou e foi até a cozinha pegar uma água e trouxe para seu marido também. Ela sentiu um forte  cheiro de carniça, imaginou algum bicho morto. Quando foi dar o copo para o moço assustou-se, pois em sua cama tinha um homem feio, baixo, enrugado, desdentado e fedido. Ela deixou o copo cair e foi logo perguntando onde estava seu marido. O homem respondeu que ele era seu marido e que agora viveriam juntos para sempre.
                                        - Você não é meu marido , gritou ela
                                       -  Sou sim e eu queria casar com uma mulher bonita.- Conforme o homem falava mais feio ficava e mais fedido. – Quer saber o meu nome? – Agora sua voz era cavernosa. – Meu nome é ilusão! – Disse ele.
                                        Mariinha fincou os olhos naquele bicho que já não era mais um homem e num misto de horror e nojo quis sair correndo, mas as portas estavam trancadas.
                                     - Não adianta querida, venha me dar um beijinho – Dizia numa voz horrível aquele homem com feridas no corpo e cheiro insuportável de mau hálito com carniça. – Você se casou comigo e não adianta tentar me matar  vamos viver eternamente juntos.
                                       Quando a  mulher olhou para o rancho  viu ratos, cobras e todos os tipos de bichos peçonhentos, uma sujeira imensa e os móveis velhos e quebrados.
                                        Uma semana depois chega no interior do Paraná um lindo moço. Seu nome? Ilusão. Pseudônimo: Fernando.












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