Raquel Delvaje

sábado, 9 de junho de 2012

MISTÉRIO XI - O MISTERIOSO CASO DO HOMEM QUE APARECEU MORTO NO CAFEZAL E DA MULHER QUE CRESCIA.

       




                                                 Esse caso aconteceu...  Quer saber de uma coisa, não importa onde aconteceu, sei somente que aconteceu. Vicente vinha matutando pela estrada, já era quase meia noite, tinha ficado até tarde na birosca se embebedando,quando olhou no velho relógio de pulso, quase teve um infarto do miocárdio, não tinha percebido que era tão tarde. Sua mulher, matrona enorme, grande na vertical e na horizontal, ia fazer picadinho do seu fígado.  O esposo vivia falando do tamanho dela, ele gostava daquela mulher grande, só não gostava quando ela batia nele... E batia... E muito. O pobrezinho descia o morrinho que tinha perto da porta da sala rolando. Não que ele fosse redondo. Mas rolava. Vinha parar aqui embaixo todo machucado. Os vizinhos morriam de dó do pobre homem. Magrinho, quase raquítico. Amarelo. Parecia não ter forças para nada. Mas era todo valente. Contava vantagens que todo mundo sabia que era mentira, ele achava que convencia. Mas quando Esmeralda se aproximava, o homem que já era amarelo, ficava transparente. A esposa, grossa como ela só, já chegava dando uns tabefes na cabeça do coitado. Ele logo dizia que não fez nada, a mulher respondia que fez sim, senão não teria mudado de cor.
                                                           Ao olhar no relógio e ver que era tão tarde, o raquítico apressou os passos com suas perninhas curtas. Saiu quase voando. Faltava muito para chegar à casa. Tinha todo um canavial para atravessar e depois a velha ponte de madeira e por fim o cafezal. Ele morava numa antiga vila de colonos, área bastante isolada da cidade. Quando estava se aproximando da ponte o homem viu uma mulher grandona vindo em sua direção. Achou até que fosse a Esmeralda, sua fofuxona, era assim que ele a chamava. Conforme a mulher se aproximava parece que ficava maior... E maior... E maior... Até que suas pernas ficaram enormes. Foi se formando aquela mulherona maior que um poste e ainda crescia, quando Vicente viu aquilo, o homem “pôs sebo nas canelas”  e desembestou a correr, que pode se dizer ate que o coitadinho voou. Passando a ponte e já no cafezal, olhou para trás e não viu mais nada, diminuiu o passo para poder pegar fôlego quando deparou com sua comadre, vindo pelo canavial. Sentiu um alívio enorme ao ver um rosto conhecido:
                                                              - Comadre que bom lhe ver. Mas o que faz aqui nesse cafezal sozinha a essa hora?
                                                              A mulher deu-lhe um sorrisinho e disse:
                                                              - Não sou comadre não! – E seu rosto transformou em algo diferente, todo enrugado e a mulher começou a crescer, dessa vez diante de seus olhos.
                                                              Vicente no susto já ia começar a correr quando caiu duro no chão. Foi se retorcendo todo com aquela mulher crescendo cada vez mais ao ladinho dele e puf,  morreu. No dia seguinte foi encontrado duro e com a boca aberta e torta, com expressão de pavor. As más línguas diziam que o coitado morreu de medo da mulher enorme que ele tinha.

                                     

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