Raquel Delvaje

domingo, 17 de junho de 2012

MISTÉRIO XIII - O SINISTRO NOIVO DE ANA.


                                       



                                              Esse caso aconteceu num sítio em Piauí. Ana queria se casar. Era tudo que ela queria nessa vida. Mas entrava ano e saia ano e nada do noivo aparecer. Fazia promessas. Fazia pedido a Santo Antonio, o colocava de ponta cabeça, mas nada de realizar seu desejo.  Todas as amigas já estavam casadas e embalavam seus filhos nos braços, para desgosto da encalhada. Algumas vezes ela se pegava distante em pensamentos e sonhadora, outras vezes ela estava com o pé na realidade e como uma bomba pronta a explodir. Nesses dias ela ficava praguejando o casamento das amigas e vizinhas, que viesse um capeta e destruísse a felicidade de todas, era o que ela desejava do fundo do coração, assim sua tristeza ficava menor, vendo a desgraça dos outros.
                                               Seu pai pedia para ela ser paciente, tudo vinha ao seu tempo. Mas Ana não queria saber, queria que tudo se resolvesse como em um conto de fadas. Muitas tardes a moça ficava sentada numa pedra em frente à sua casa, na esperança que passasse algum forasteiro e a descobrisse como a esposa desejada. Quando chegava a noite, chegava também a desesperança e muitas vezes ela entrava em casa aos prantos e dizendo:
                                               - Praga, não aparece um diabo para se casar comigo!
                                                Seu pai estava desolado de repreendê-la para não dizer aquele despautério. Já nem falava mais nada.
                                                 Certo dia aparece um belíssimo homem num cavalo, estava de passagem pela cidade e logo se engraçou com a moça que o recebeu em sorrisos. Depois de algum tempo de conversas ele resolveu ficar na cidade e a pediu em namoro ao pai. Seu Anercides aceitou com muito gosto, pois percebeu a felicidade da filha. Alguns meses depois acertaram o casamento. Danilo falou que não tinha parente nenhum, somente uma mãe velhinha que não tinha boa saúde e não poderia viajar. Ele disse ao seu Anercides que fazia uma exigência, devido a religião dele ser outra, não queria casar no religioso, somente no civil. A família não gostou muito, mas devido o risco da filha ficar solteira e morrer de desgosto aceitaram a condição.
                                                   Chegou o dia do casamento e Ana estava muito feliz. Nem lembrava mais das tristezas dos tempos de solteirice. Sorriu quando pensou que nem desejava um noivo tão lindo e por fim tinha sido recompensada pelo tempo de espera. No momento do casamento estava tudo perfeito. Casamento de roça, muita gente, muito falatório, muitas risadas, muitas comidas. Chegou o juiz para realizar a cerimônia e estava ele fazendo as honrarias e os noivos ali, lindos. Ela usava o vestido branco com caudas e ele roupa preta, estavam elegantes.
                                                    O pai chegou e cochichou alguma coisa no ouvido do juiz de paz. Nisso entrou o padre que avisou que faria o casamento, pois a família da moça era católica.  O noivo ficou todo agitado.  O padre pegou a água benta e espargiu sobre os convidados, o moço saiu desembestado puxando a noiva e o pai puxou a mão da filha e Danilo começou a se transformar e os olhos ficaram vermelhos como brasa. Agora dois tios também puxavam a moça e ele gritava. “Ela é minha, devolva”. Tanto puxa daqui como puxa dali que conseguiram soltar a mãos dele das mãos da noiva. Ana assustada com a fisionomia do noivo começou a rezar.
                                                     - Não reza não que foi você quem me chamou.
                                                      Ele falou isso e sumiu com uma fumaça.
                                                       Ana ao invés de ficar aliviada por se livrar de casar com o capeta, pôs se a chorar por ter perdido o noivo.

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